Todos os anos os números da violência familiar aumentam: violência doméstica, por maus-tratos com os cônjuges, namorados ou outros familiares; por abusos infantis, associados a violência física, emocional ou sexual; ou com idosos, através de maus-tratos e exploração financeira por parte de familiares ou cuidadores.
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Em todos, a violência psicológica pode ser acionada, com ameaças, humilhações ou manipulações. E as consequências podem ser irreversíveis e levarem à morte. O que pode fazer o planeamento urbano e o desenho da cidade para mitigar esta tendência crescente nas cidades?
Muito! As cidades, mais do que territórios físicos, são territórios sociais. Devem promover a qualidade de vida dos cidadãos e a sua segurança. Daí a minha paixão pelo estudo do espaço público, o grande lugar de todos. Na realidade, a maioria da violência contra as crianças sempre foi praticada, não por estranhos, mas por parentes e conhecidos. Mia Couto escreve: “Os fantasmas que serviam na minha infância reproduziam esse velho engano de que estamos mais seguros em ambientes que reconhecemos”, chamando, mesmo, os seus anjos da guarda de “ingénuos”. Na realidade, as cidades e o seu espaço público, promovem solidariedades, segurança, vivências, proximidades. Promovem o encontro, a tolerância e as liberdades!
Que a cidade não deixe aumentar os muros privados, onde há mais repressão. Que seja mais planeada para abrir jardins, rasgar praças, colocar bancos, aumentar a iluminação, permitindo que as pessoas e os desconhecidos cuidem uns dos outros. Esses espaços públicos, garantidamente, serão menos violentos, mais seguros e não promovem violências escondidas.