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Sabemos acender uma vela quando falta a luz. Mas sabemos onde procurar a verdade?
Os portugueses ainda não tinham percebido as razões pelas quais estavam às escuras, mas, num instante, as redes sociais foram tomadas por teorias da conspiração. Note-se que o próprio Governo chegou a admitir a probabilidade de o apagão ter sido causado por um ciberataque, versão que viria a ser desmentida pelas operadoras energéticas ibéricas e pelo próprio Executivo.
Pelos telemóveis circularam ainda mensagens de que a falha tinha sido causada por uma vibração atmosférica induzida ou por um incêndio em França e que a resolução do problema poderia demorar vários dias. Teses sem qualquer base factual. Os rumores tiveram impacto real. Geraram ansiedade e alimentaram a desconfiança, conforme foi visível na corrida aos supermercados e aos postos de abastecimento.
Tudo isto aconteceu porque a comunicação institucional não esteve à altura do desafio? Se os canais oficiais não estão preparados para comunicar eficazmente quando tudo falha, a situação agrava-se quando se percebe que os cidadãos não estão preparados para discernir informação de manipulação.
Não é só urgente investir em protocolos de comunicação de emergência. É necessário educar. Nas escolas, nos média, nos espaços públicos. Saber onde procurar informação fidedigna deveria ser uma competência cívica tão essencial quanto saber reagir a um sismo, a um incêndio ou a fazer uma chamada de emergência.
A sombra que o apagão deixou é longa. A literacia não se instala por decreto. Mas é fundamental para que saibamos manter a verdade acesa.