Foram atribuladas as Autárquicas de 2013. Limitação de mandatos, candidaturas de dinossáurios a concelhos vizinhos, alteração do mapa e número de freguesias, uma ridícula prova de vida da CNE, um Governo fragilizado, um líder da Oposição na procura da liderança inequívoca, enfim, houve de tudo um pouco. No final, uma grande surpresa no Porto e, em termos nacionais, a vitória do Partido Socialista.
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PS e PSD procuraram colocar a fasquia no ponto que lhes convinha, de forma a minimizar danos e potenciar ganhos, conforme o resultado do escrutínio. Contas feitas, o PSD sai derrotado em votos e em câmaras por um PS que, assim, recupera a liderança da ANMP. O discurso de derrota de Passos Coelho é inequívoco no reconhecimento da derrota, mas também completamente omisso relativamente a leituras nacionais dos resultados.
A maior surpresa veio do Porto, onde o independente Rui Moreira saltou de um empate nas sondagens para uma vitória expressiva. Este resultado terá repercussões em todo o país em próximas eleições autárquicas. Se os partidos fizerem a leitura correta do que aconteceu no Porto, iniciarão um processo de mudança nas suas lógicas internas ou então o número de candidaturas independentes irá explodir.
Mais a norte, no Minho, importa olhar sobretudo para o chamado quadrilátero (Braga, Guimarães, Famalicão, Barcelos), já que em Viana do Castelo José Maria Costa passeou-se e guindou o seu PS à maioria absoluta.
Guimarães, Barcelos e Famalicão mantiveram a cor partidária, sem surpresa. Em Braga esperava-se uma luta mais apertada. Sendo a mais importante cidade da região e uma das mais relevantes do país, bastião do PS de Mesquita Machado desde 1976, esperava-se uma aposta forte dos partidos. Assim não foi. O PS avançou com um herdeiro da atual Câmara e o PSD apostou pela terceira vez num candidato que se havia antes revelado perdedor. A verdade é que Ricardo Rio acabou por finalmente conquistar a Câmara, beneficiando da saída do carismático presidente. É caso para dizer que esta autarquia foi mais perdida pelo PS do que ganha pelo PSD.
Por fim, uma referência a dois municípios emblemáticos do Alto Minho. Em Arcos de Valdevez, liderado pelo carismático Francisco Araújo (PSD), que se retirou, os sociais democratas renovaram a liderança. Já no caso de Melgaço, liderado pelo vice da ANMP António Soalheiro que também atingiu o limite de mandatos, o PS manteve tranquilamente a câmara.
O Minho continua a ser maioritariamente socialista, com a singularidade de incluir aquela que é ainda a única Câmara do CDS/PP, a bela Ponte de Lima, liderada por Vítor Mendes.