A TAP não confirma os dados que têm sido debatidos e que apontam para a manutenção de mais de 70 rotas a partir do Aeroporto de Lisboa e de apenas três a partir do Porto.
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O que já se sabe é que, a ser verdade algo que se pareça com isto, não poderão deixar de ter razão os que recusam a nacionalização da empresa. Com estas intenções, a TAP não deve ser nacionalizada mas, quando muito, regionalizada às autarquias da Grande Lisboa.
O Porto passou a cumprir boa parte das suas ligações fundamentais através de empresas privadas que, lotadas, vieram fazer o que a TAP não quis. A companhia de bandeira nacional passou a ser um elemento de pressão sobre o velho Aeroporto de Lisboa, favorecendo a ideia de que a construção da estrutura do Montijo urgia a todo o custo.
Ninguém sabe quantas vezes a TAP vai precisar de ser salva, parecem-me, no entanto, muito importantes as primeiras declarações de Pedro Nuno Santos apontando para uma questão de soberania, deixando claro que se o Estado usar o dinheiro dos contribuintes numa sociedade onde o privado não cobre a participação pública, então a administração tem de ser pública.
Rui Moreira, entre outros autarcas do Norte, já deixou claro que não poderá admitir dinheiro dos contribuintes na mesma TAP que temos tido. O Norte, com quase quatro milhões, concentra a indústria do país e as suas rotas fundamentais são retrato dos negócios com parceiros internacionais que se penalizam com a escala obrigatória em Lisboa.
De facto, urge que o Estado saiba o que é importante na sua soberania e não ceda perante intenções chantagistas que se habituam a usar o dinheiro dos contribuintes. As empresas vitais, de monopólio, não podem ser senão públicas, postas ao serviço de todos, sem intenções de explorar o cidadão mas, ao contrário, votadas ao seu auxílio e à sua dignificação.
A TAP é, ao contrário de tanto preconceito, uma excelente companhia, o que falta é cumprir o estatuto verdadeiramente nacional, sua vocação desde o início, e ser pensada como um direito do país, fazendo jus aos vários aeroportos, mormente acabando com a especulação tremenda a que são sujeitos os habitantes das ilhas dos Açores e da Madeira.
Outro problema está na abertura imediata dos voos com países onde a pandemia não foi minimamente dominada e que seguem a um ritmo absolutamente distinto. Liberar os voos com estes países será inevitavelmente disponibilizar o SNS aos cidadãos que não encontrem resposta nos seus sistemas. É imperioso entender como Portugal enfrentará o futuro próximo, anunciado ao Mundo como caso exemplar no combate ao vírus. Tornando-se, por isso, um alvo.
Escritor