Por mais que o queiram negar, vivemos uma época de aceleradas mudanças que aparecem de forma contraditória como sinais de progresso e retrocessos civilizacionais, tudo envolto num perigo iminente de desastre e destruição do nosso lugar comum que é este planeta.
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Certos conceitos instalaram-se no discurso quotidiano quase como soundbites em perda de sentido. Sociedade do conhecimento é uma dessas expressões que serve para designar um conjunto de transformações perante nós, numa complexidade de traços e sinais que vão construindo uma revolução branda mas implacável para um futuro incerto. Será ainda mais incerto se nos alhearmos e abdicarmos de um viver coletivo em favor da fragmentação que nos atinge, desde logo através das redes sociais em que nos fechamos com o nosso grupo.
"A universidade em ruínas" é o título provocador da obra póstuma de Bill Readings, promissor pensador americano que morre aos 34 anos, em 1994, deixando um conjunto de ensaios que interpelam a sociedade contemporânea, como este em que, de forma polémica, interroga a ideia de excelência das universidades (muitas publicações sem qualquer efeito transformador) e a capacidade dessas instituições com quase mil anos se recriarem e renascerem.
Na sociedade do conhecimento, as universidades ganham uma nova centralidade, desde que tenham capacidade de arriscar profundas mudanças e deixem os lugares de conforto dos modelos que há 20 anos eram inovadores, mas deixaram de o ser.
No encerramento do Fórum de Gestão do Ensino Superior, Sampaio da Nóvoa empolgou a assistência com a sua reflexão sobre o futuro do Ensino Superior, que será frequentado por 5% da população mundial. A modernização estará muito além de novos cursos, novas estruturas curriculares e novos métodos, implicando uma completa metamorfose dos modelos que persistem. Teremos cursos sem disciplinas, percursos de formação individualizados, pesquisa desde o 1.o Ciclo, novos ambientes universitários em que a aprendizagem não se fará dentro da aula tradicional.
A Nova School of Business and Economics é um bom caminho para esta revolução que permitirá preparar os jovens para a muito provável necessidade de circularem entre diferentes oportunidades ao longo da vida. As universidades terão de se reinventar em redes colaborativas que decerto também contribuirão para refazer uma vida comum que contrarie a tendência para a fragmentação que nos destruirá.
Professora universitária
