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Afinal, o anúncio de Donald Trump de que uma vacina eficaz contra o novo coronavírus estaria para vir verificou-se. Numa daquelas raras declarações não mentirosas, Trump antecipou-se à farmacêutica Pfizer, que revelou ontem dados provisórios que indicam que a nova vacina poderá resultar em 90% dos casos. O atual presidente, que perdeu as eleições para Joe Biden, apressou-se a espalhar a notícia pela rede social Twitter, pondo a tónica de que "as bolsas já estão a subir acentuadamente". Não que tal parasse a pandemia, que evitasse mortes ou desse um novo alento à economia mundial.
Claro está que, à boa maneira de Trump, esta boa notícia veiculada pela farmacêutica norte-americana só vem levantar mais dúvidas. É que os cientistas e investigadores espalhados pelo Mundo olham para estes resultados como uma boa manobra de marketing no meio de uma corrida louca de quem será o primeiro a introduzir uma vacina eficaz para travar a pandemia. Os investigadores não estão habituados a que as descobertas sejam anunciadas para fazer subir as ações em Bolsa, mas sim publicadas em revistas científicas de renome. Daí a desconfiança de golpe de marketing. E não admira que as bolsas reajam. Estamos no amplo território da especulação que, aliás, é onde melhor se move o presidente Trump e continuará após sair da Casa Branca para dar lugar a Joe Biden. Apesar de tudo, esteja mais perto ou mais longe de haver nova vacina, o anúncio da Pfizer, assim como o da AstraZeneca/Universidade de Oxford há cerca de duas semanas, dá-nos a garantia de maior esperança. O Mundo está quase no limite em relação a confinamentos, recolher obrigatórios e estados de emergência. A normalidade é, por enquanto, uma miragem. Até porque, quando houver vacina, coloca-se o problema de produção em larga escala para chegar a nós e ao resto do Planeta.