A vantagem que Rui Costa tem de saber aproveitar
A vantagem considerável de Rui Costa no primeiro ato das eleições do Benfica é surpreendente, tendo em conta a onda de entusiasmo gerada pela candidatura de Noronha Lopes, embalada pelas sondagens e até por algumas revelações dos associados à boca das urnas. Mas os resultados não podem ser analisados de forma isolada e mostram como os sócios são conservadores e resistentes à mudança, se calhar ainda escaldados pelo efeito de Vale e Azevedo, um paraquedista que contribuiu para a derrocada do clube no final do século passado. Entre a continuidade de um presidente que tem um histórico impoluto como jogador, mas com algumas decisões discutíveis no plano desportivo, e o que se ergue para lá do discurso de um opositor sem passado no futebol, os sócios não arriscaram nada na primeira volta e preferiram deixar tudo como está. Se calhar, porque temem o desconhecido.
No meio desta onda, Rui Costa beneficiou do empate no Estádio do Dragão, que manteve o Benfica a quatro pontos da liderança, e ajuda a disfarçar as lacunas de uma equipa longe de convencer, mesmo impulsionada pelo efeito cosmético de José Mourinho. Há ainda que juntar o lucro de 34,4 milhões de euros no último relatório e contas, o que pesa sempre quando o investimento é elevado no plantel e podia fazer descontrolar a balança financeira. Por último, Rui Costa tem sido muito mais hábil, contundente, com uma maior capacidade de comunicação e à vontade a esgrimir argumentos nos debates televisivos. Só tem de saber aproveitar o embalo para continuar a ver Noronha Lopes pelo retrovisor.

