Por incrível que pareça, esta semana em que escrevo é para a maioria dos trabalhadores portugueses uma semana de quatro dias. A verdadeira semana dos quatro dias. O que tem tudo a ver com o feriado de amanhã do Corpo de Deus, mas nada a ver com a famosa "experiência-piloto" da semana dos quatro dias.
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Claro que nem vou aqui referir o exemplo dos portugueses que trabalham no Município de Cascais, onde esta semana tem apenas três dias úteis de trabalho, porque ao supracitado feriado nacional se junta ainda o feriado municipal, que é exatamente hoje.
Também importa referir que, coincidência das coincidências, na próxima semana, em municípios como Lisboa e Famalicão, em que o feriado municipal é celebrado no dia de Santo António, acontecerá terem duas semanas seguidas apenas com quatro dias úteis de trabalho.
Apesar de haver quem diga que não há coincidências, não posso deixar de referir que há uma coincidência cómica entre a decisão do Governo de inaugurar esta famosa semana dos quatro dias e um período em que milhões de trabalhadores gozarão dessa semana dos quatro dias e muitos deles até o farão durante duas semanas seguidas.
Claro que esta coincidência não vai apagar o enorme "flop" que está associado a esta iniciativa. Desde logo, apenas 90 empresas resolveram aderir a este projeto-piloto. Destas 90 empresas, só pouco mais de metade (46) foram capazes de passar à segunda fase e contas feitas, no final, são apenas 39 as que vão efetivamente arrancar e alinhar nesta experiência durante os próximos seis meses.
Verificando o número de trabalhadores envolvidos, que se chegou a prever que atingiria os 20 mil quando as empresas eram 46, afinal agora que só ficaram na realidade 39 empresas, estamos a falar apenas de 1000 trabalhadores. Bem vistas as coisas, estamos a falar mais de um "projetinho", do que de um projeto minimamente sério e representativo.
Mesmo assim, irei acompanhar com muito interesse os resultados que vierem a ser conhecidos, independentemente da objetiva falta de dimensão e representatividade desta amostra. Será curioso perceber ao fim de seis meses quais serão as reações e quais serão os efeitos palpáveis deste projeto, seja do lado dos 1000 trabalhadores envolvidos, seja do lado das 39 empresas que resistiram.
Não quero imitar nenhuma ave de mau agoiro, mas apostaria singelo contra dobrado que daqui a seis meses não conseguiremos dizer que o projeto foi cumprido até ao fim pelos 1000 trabalhadores e pelas 39 empresas.
Empresário