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Nos tempos da minha infância, ouvia meu pai e meu avô discutirem, entre eles e com os correligionários portuenses, sobre as obras na cidade, elogiadas ou criticadas.
À cabeça das em curso estava o Túnel, assombroso e considerado megalóma-no (e ainda bem), que salvou a Ribeira da destruição. A famigerada Avenida da Ponte dividia opiniões entre a maneira de ligar a Baixa à Ponte de Cima e o crime contra o Bairro da Sé, que só um túnel podia salvar. (Dou razão aos "do contra". A Avenida da Ponte permanece chaga, ferida e ofensa, abertas no coração do Burgo. Uma pedreira para turista ver granito a sério.)
Mas a obra falada como se avançasse já era o Túnel de Gonçalo Cristóvão, visto como estrutural para ligar a cidade ocidental à então ostracizada oriental. Desistiram dele e não houve coragem para o concretizar (ficou o Túnel das Goelas de Pau, amostra do que não foi feito). Mas não perco a esperança e espero que alguém avance (ainda há dias li e ouvi falarem nele).
E naquele tempo atrás citado, já havia (bons) iluminados a preverem uma avenida desde o Campo Alegre a Matosinhos, na miragem de que agora volta a falar-se como concretizável (talvez no dia de S. Nunca à tarde). A ligação da Praça da Galiza ao Porto de Leixões foi (e é) utopia urbana há muito assumida. Para a concretizar, do lado do Porto, falta o projecto nado-morto da Via Nun’Álvares (em Matosinhos já lá está, à espera, a Avenida Afonso Henriques). Sim, existe o problema da travessia do Parque da Cidade, mas isso é assunto para ser discutido daqui por 50 anos (ou mais) e, nessa altura, a I.A. dará solução. Haja fé.
(O autor escreve segundo a antiga ortografia)