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Portugal é uma economia aberta, com todas as vantagens e desvantagens que isso nos traz. Defendo que as vantagens superam largamente as desvantagens. O tempo do "orgulhosamente sós" não trará saudades à esmagadora maioria dos portugueses que atravessaram os tempos de ditadura num registo de pobreza, tantas vezes atroz.
Agora que ecoam no Mundo e, também, entre nós, vozes de um protecionismo que sabemos ser inimigo do desenvolvimento económico e social sustentável, é importante percebermos que o nosso caminho tem de ser o da competitividade internacional, de especialização da economia em setores geradores de riqueza e de emprego de qualidade, com melhores salários e com melhor qualidade de vida.
Neste domínio, as cidades são cada vez mais importantes. A lógica da especialização e da competitividade é aplicável ao nível local e a dimensão económica dos municípios é a base de sustentação de muitas das políticas públicas de equidade, de bem-estar e de desenvolvimento humano.
Não querendo ficar apenas por uma análise teórica, posso dar o exemplo de Matosinhos. Matosinhos faz parte de várias dinâmicas nacionais e internacionais que nos têm permitido crescer em áreas como a economia azul, numa visão muito alargada do que é hoje a economia do mar. Mesmo em setores tradicionais, como a restauração, sentimos que a aposta do setor na qualidade e na diferenciação é mais do que uma tendência, é uma transformação estrutural que garante emprego estável e cada vez mais bem remunerado.Matosinhos tem uma estratégia clara de afirmação competitiva que parte da nossa capacidade de colaborarmos em redes de cidades, desde a educação até à atração de investimento, passando por áreas como a resiliência a catástrofes ou o combate às alterações climáticas.
Não é por acaso que Matosinhos apresenta indicadores de qualidade de vida e de remuneração salarial na linha do que de melhor existe em Portugal. Mas a nossa ambição é a de continuarmos a potenciar a dinâmica que sentimos na comunidade para continuarmos a crescer, sem receio de comparações com o que de melhor se faz na Europa ou no Mundo.
Pelo país fora, assistimos à consolidação de um novo modelo de gestão autárquica, atento ao potencial endógeno de cada território e capaz de o saber libertar sob a forma de desenvolvimento sustentável, por todos e para todos.
É esse o grande desígnio dos municípios: fazer mais e melhor, defender o interesse das populações, corrigir os efeitos negativos das assimetrias e preparar as comunidades para a resistência às crises que ciclicamente nos assolarão.