O encontro dedicado à "proteção dos menores na Igreja" é a última das muitas iniciativas que o Papa Francisco tem promovido para combater os abusos sexuais no seu seio. Com isto dá continuidade ao caminho iniciado por João Paulo II e aprofundado, verdadeiramente, por Bento XVI.
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No final da reunião em que participaram presidentes das conferências episcopais de todo o Mundo e superiores de congregações religiosas, o Papa propôs oito itens a que a Igreja deverá dar atenção na sua produção legislativa, e na sua práxis, para pôr fim à violência psicológica ou física dos padres contra as crianças.
A proteção dos menores exige uma "seriedade impecável" por parte da Igreja, desde logo na denúncia à justiça dos casos identificados. Para isso será essencial clarificar as normas e os procedimentos a utilizar quando se detetarem os abusos, não podendo ser negligenciado o acompanhamento às vítimas. "Nenhum abuso deve jamais ser encoberto (como era habitual no passado) e subestimado, pois a cobertura dos abusos favorece a propagação do mal e acrescenta um ulterior nível de escândalo. De modo particular, é preciso desenvolver um novo enquadramento eficaz de prevenção em toda as instituições e ambientes das atividades eclesiais", exigiu o Papa como condição para a regeneração da Igreja.
Não basta, porém, um corpo legislativo para erradicar esta praga. É essencial uma mudança de mentalidade na abordagem da questão e um investimento sério dos bispos na sua prevenção. Este passará, necessariamente, por uma maior exigência na seleção dos candidatos ao sacerdócio e, sobretudo, por um acompanhamento sério dos que já o exercem.
Com a falta das vocações, a exigência tem sido negligenciada. Por isso, a forma de recrutamento de candidatos ao sacerdócio e à vida religiosa tem de ser profundamente repensada. O Papa dedicou a este tema três das suas 21 reflexões que propôs aos participantes deste encontro em Roma.
Para o Papa será decisivo "introduzir programas de formação inicial e permanente para consolidar a sua maturidade humana, espiritual e psicossexual, assim como as suas relações interpessoais e seus comportamentos". Também se deverá "submeter os candidatos ao sacerdócio e à vida consagrada a uma avaliação psicológica por parte de especialistas qualificados e credenciados". E dever-se-á clarificar "as normas que regulamentam a transferência de um seminarista ou aspirante religioso de um seminário a outro; assim como de um sacerdote ou religioso de uma diocese ou de uma congregação a outra".
Não basta que alguém manifeste o desejo de ser padre ou religioso; não basta ser "bem-comportadinho". É necessário que, entre outras qualidades, o futuro padre seja uma pessoa decidida a investir no seu crescimento humano e espiritual. Os seminários, as dioceses, as congregações religiosas ficam agora com a responsabilidade de acolher e de dinamizar ao longo de toda a sua vida esse crescimento.
Só a padres adultos, sérios e resolvidos é que poderão ser confiados crianças, adolescentes e jovens.
Padre