Há realidades no Reino de Sua Majestade que nos deveriam fazer refletir. Nem que seja pelas diferenças de comportamento e de atitude de quem tem nas mãos o destino de um país. De quem apoia quando tem de apoiar, de quem desapoia quem apoiou, mesmo que seja um dos seus.
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Salvo raras exceções, uma larga maioria da classe política faz lembrar aqueles fãs que esperam horas infindáveis que as portas de um festival de verão abram para garantir um lugar colado ao palco. Gritam e aplaudem a banda sem hesitações, mesmo que os acordes estejam errados, as guitarras desafinadas e o vocalista não acerte com a letra.
O que se passou no Reino Unido foi precisamente o contrário.
Apesar de gostarem da banda e tendo-a apoiada, não perdoaram. Sim. Sabemos que, provavelmente, também haverá entre eles interesses instalados e quem procure - nas palavras do sr. Boris - "o melhor emprego do Mundo".
Foi assim com o primeiro-ministro britânico demissionário, que perdeu 60 membros do seu Executivo num ápice, após crises políticas e vários escândalos, como as festas ilegais regadas a álcool no número 10 de Downing Street, durante o auge da pandemia e depois de ter promovido um assediador de homens. Negou as cenas ridículas vezes sem conta. Ora não sabia. Ora já sabia. Pediu desculpa. Não foi desculpado. Saiu do palco.
Já aqui, em terras lusas, bem sabemos que os fãs aplaudem sempre. Talvez porque os concertos (leia-se debates parlamentares) são escassos. Ainda andamos a discutir se o primeiro-ministro português vai ou não de 15 em 15 dias falar e responder ao país. Certo é que os fãs estarão sempre nas grades a aplaudir a banda, mesmo que a música não lhes soe nada bem.
Diretor-adjunto