Acesso e qualidade aos doentes... Reconhecimento e valorização aos profissionais de saúde...
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Por definição, um plano de emergência, seja ele qual for, caracteriza-se por apresentar um conjunto de soluções a implementar a curto e médio prazo, que visam colmatar problemas e carências críticas que estejam a necessitar de resposta rápida.
Sem pretender ir mais longe do que pode, ou seja, sem querer resolver desde já todos os imensos problemas com que hoje o Serviço Nacional de Saúde (SNS) se debate, o anunciado Plano de emergência para a Saúde tem desde já os olhos postos num grande plano de reestruturação do SNS. Na verdade, paralelamente à implementação das medidas rápidas que o referido Plano venha a propor, é fundamental avançar de imediato com uma profunda reestruturação, talvez até, melhor dizendo, uma inteira refundação do atual sistema de saúde.
A construção desse moderno e eficiente SNS deve ser necessariamente marcada por dois pilares fundamentais, que por sua vez se encontram já presentes no referido plano de emergência: respeito total pelo interesse dos doentes e o reconhecimento e valorização dos profissionais de saúde. Ambos os pilares são fundamentais para garantir um sistema de saúde verdadeiramente acessível, de alta qualidade e sustentável.
A organização e funcionamento do SNS devem ser estruturados em torno dos interesses dos doentes, o que significa que o acesso aos cuidados de saúde deve ter prioridade máxima. Um sistema de saúde centrado no paciente deve assegurar que todos os cidadãos tenham acesso rápido e equitativo a serviços de saúde de qualidade, independentemente da sua localização geográfica ou condição socioeconómica. Para alcançar este objetivo é necessário investir em infraestruturas de saúde, seja em áreas urbanas ou em zonas rurais, garantindo a disponibilidade de tecnologias avançadas, tais como a telemedicina e a inteligência artificial, ampliando o alcance dos cuidados de saúde. É ainda fundamental simplificar os processos burocráticos, reduzir os tempos de espera e implementar um sistema de triagem eficiente que priorize os casos mais urgentes. Um interesse renovado na prevenção e na promoção da saúde pode também aliviar a pressão sobre os serviços de urgência, melhorando a saúde da população a longo prazo. O segundo pilar, como referido, é o reconhecimento, respeito e valorização dos profissionais de saúde que são a espinha dorsal do SNS e desempenham um papel crucial no funcionamento do sistema. Para que possam oferecer cuidados de qualidade, é essencial que trabalhem em condições adequadas, recebam remunerações justas e tenham acesso a oportunidades contínuas de formação e desenvolvimento profissional. É vital criar um ambiente de trabalho que promova a saúde mental e o bem-estar dos profissionais. A sua valorização passa também pelo reconhecimento público do seu trabalho e contribuição para a sociedade.
Ter um plano de fundo de reestruturação do SNS será lançar as bases para um sistema de saúde sólido e eficaz, garantindo a sustentabilidade e eficiência do sistema, resultando em benefício não só dos doentes, mas também contribuindo para o desenvolvimento e bem-estar de toda a sociedade.
“Centralidade no doente” e “valorização dos profissionais de saúde” são dois temas sobre os quais muito se tem falado, mas muito pouco se tem feito.
É tempo de inverter este processo.