Os portugueses querem bons gestores na saúde, não interessa se são públicos ou privados. Querem um debate focado, sincero e com menos trica política.
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Querem um debate que não se centre num conflito de correntes, à Esquerda e à Direita, mas que promova um sistema de saúde público eficaz e não apenas para pobres. O que os portugueses desejam, sem exceção, é ser bem atendidos quando se deslocam a qualquer hospital. Querem ter um acesso mais rápido a cuidados de saúde e não desesperar numa lista de espera para uma consulta de especialidade ou para uma cirurgia.
Para os 40 mil doentes que já ultrapassaram o tempo de espera máximo para uma operação, uma discussão particularmente ideológica sobre a Lei de Bases da Saúde é irrelevante.
Para os que esperam três a cincos anos por uma consulta de urologia, é insignificante. Para os que têm a primeira consulta de cardiologia ao final de quatro anos, é pouco importante. E os exemplos seriam tantos como os dias de atraso que, nalguns casos, encurtam a própria vida.
E os utentes não gostam que os façam de parvos quando são confrontados com relatórios que denunciam uma limpeza de doentes das listas de espera, falseando os indicadores de desempenho.
Basta olhar para os números para perceber o impacto das dificuldades que a maioria enfrenta no acesso rápido ao Serviço Nacional de Saúde. Os seguros dispararam. Sorte para os mais de 2,6 milhões de portugueses que já os subscreveram.
Basta entrar num hospital privado para constatar o aumento da procura por estes cuidados. Esta é a nova realidade, tão verdadeira como o desinvestimento no setor público e o agravamento das despesas suportadas pelas famílias. O acordo que Governo e Oposição têm de fazer não é um com o outro, mas sim com todos nós. Acordem.
*Diretor-adjunto