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Esta semana a Internet andou entretida com diferentes categorias de bonecos. Uns são apenas fruto de alguma criatividade e brincadeira a manusear o ChatGPT. É o caso das ilustrações ao estilo do Studio Ghibli e das Action Figures que se tornaram uma tendência viral. Uma febre nas redes sociais que, além da diversão, levantou questões sobre o direito da inteligência artificial treinar obras criativas protegidas por direitos de autor. Coisa séria.
Os outros bonecos são mais parvos. Representam o machismo e a subcultura incel. O problema é que estes não estão dentro de uma caixa de cartão. Aparecem nos ecrãs dos telemóveis a fomentar uma cultura de violência contra as mulheres. Coisa demasiado séria.
O boneco-mor desta subcultura tóxica é um youtuber e influencer. É preferível não o identificar, para não lhe dar likes, visitas e alcance, o que o beneficiaria economicamente. Mas é importante saber que há quem promova ideias misóginas, do tipo "mulher que namora não sai à noite". E quem peça para lhe explicarem porque é que as mulheres "haveriam de se produzir, de se vestir com roupas praticamente descapotáveis, pôr perfume, pôr-se o máximo atraentes, para irem para um sítio que sabem que vai estar cheio de homens".
Este triste episódio só vale referência por se inserir num contexto mais amplo do aumento do discurso machista entre os jovens. Comentários que perpetuam estereótipos de género e promovem a desigualdade já não deviam ter espaço numa sociedade que se pretende justa e igualitária. Mas têm. Estamos a andar para trás à custa de bonecos que, quando saem da caixa, revelam o pior de nós.