No filme "Contagion" ( 2011), que está a ser amplamente citado estes dias, há uma personagem que vale a pena relembrar: o agitador Alan Krumwiede, que usa um blogue para perpetuar mentiras, teorias da conspiração, corroer a confiança nas autoridades e até vender uma cura milagrosa para a epidemia que, na narrativa, toma conta do Mundo. Krumwiede tem muitos seguidores, que preferem acreditar no seu discurso paranoico. Todos acabam enganados pelo charlatão.
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Em 2020 não é preciso um agitador. Há milhões deles no WhatsApp ou Facebook, onde medra a epidemia do pânico. Quem propaga falsidades e paranoia sem hesitação julga-se livre de responsabilidades, mas está enganado. Espero que pague uma penitência, em forma de sentimento de culpa e peso na consciência, pelo caos psicológico e social que tem tornado tudo ainda mais difícil.
O combate à disseminação do coronavírus não se esgota na vida real. Faz-se também, e cada vez mais, nas comunidades virtuais. Pense bem antes de partilhar potenciais mentiras, comentar com raiva ou assustar os seus amigos. O medo multiplica-se. Mas o bom senso também.
*Jornalista