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Rasgaram-se as vestes, bateram-se portas e estalaram-se diversos vernizes, mas este escândalo da empresa que usou dados de uma aplicação instalada via Facebook para influenciar o resultado das eleições dos EUA (e de outras) só pode ter surpreendido quem nunca quis muito saber como funcionava a plataforma de Zuckerberg.
Nunca percebi, ao longo destes anos todos, por que razão as pessoas usavam aquelas aplicações de utilidade zero e fiabilidade ainda menor. Quem, na verdade, quer realmente saber com que celebridade é parecido ou outras coisas manhosas do género que proliferam por aí?
Tudo aconteceu debaixo de todas as barbas: dos utilizadores, do poder político e dos reguladores, que pouco ou nada se importaram com a forma como as redes sociais, e o Google, utilizam os nossos dados. Não faltaram os alertas: "Cuidado, não se exponha, nem aos seus filhos"; "Verifique a credibilidade da informação que lhe aparece no mural"; "Ninguém está a controlar a forma como os dados são usados"; "É perigoso que apenas uma ou duas empresas tenham o controlo não fiscalizado deste espaço, que é tão grande e relevante, que se transformou no espaço público preferencial". Estes e outros avisos foram recebidos com sobranceiros encolher de ombros.
Não tenha dúvidas: boa parte da responsabilidade é sua, caro utilizador de redes sociais. Em vez de acreditar em tudo o que vê no seu feed, ou de tornar público o que nunca devia deixar de ser privado, pense um bocadinho. Só é usado e manipulado quem quer. Ou quem deixa.
Jornalista