A Europa que eu conheço morre em 2018. E eu nunca conheci outra. Esta Europa que eu conheço garantiu-me uma existência pacífica, permitiu-me saltar de país em país, fazer amigos, viver e trabalhar noutras paragens. Sem dificuldade nenhuma, sem desistências, um clube de amigos sempre a crescer.
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Politicamente a mesma tranquilidade. Esquerda moderada e Direita moderada garantiram entre os 66% e os 55% a maioria dos lugares no Parlamento Europeu desde a fundação. Como por cá.
Nunca perdi muito tempo a pensar na máquina que fazia diluir todas as fronteiras, nem me angustiei sobre as imperfeições do processo de construção da união económica e financeira.
Sinto que vou pagar caro por esta falta de exigência. A distância e a superficialidade com que os cidadãos europeus lidaram com este projeto extraordinário ditou a sua interrupção abrupta. Viveremos, a partir de 2019 com uma metamorfose cujos contornos não conhecemos e, até certo ponto, temos razões para temer.
A 29 de março, o Reino Unido deixa a União Europeia. Não fazemos a esta distância a mais pequena ideia em que moldes o fará.
Junker procurará aprovar tudo o que puder no seu derradeiro Conselho Europeu de Sibiu a ter lugar no dia 9 de maio.
Entre 23 e 26 de maio, elegeremos o novo Parlamento que será, como disse, multicolorido. Para além dos partidos tradicionais, que provavelmente já não terão a maioria, teremos de lidar à esquerda com a La France Insoumise de Mélenchon ou a Green Left Holandesa, à direita com a Lega Nord de Salvini ou o Swedish Democrats de Akesson e ao centro com a République en Marche de Macron ou o Ciudadanos de Rivera.
Aos partidos moderados tradicionais resta a hipótese de virem a escolher o líder da Comissão Europeia, o Spitzenkandidat, ou seja, o líder do partido mais votado nas eleições para o Parlamento.
O método é novo, a campanha decorrerá apoiada em debates entre os vários líderes. Prestaremos, ainda assim, atenção?
Em setembro, Draghi deixa o Banco Central Europeu. O novo governador terá a sua coragem? E o novo líder da Alemanha apoiá-lo-á com a mesma sabedoria de Merkel?
A Europa que eu conheço não será a mesma! Bate-me fundo a pergunta de Eduardo Lourenço: "Alguém morre por esta Europa"?
Analista financeira