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Tive um tio no Brasil. Mas não era rico. Voltou ao fim de 50 anos, com sotaque e uma forma de ser encantadora. Era um homem com energia positiva e que espalhava alegria onde estava. Morreu ontem. Fechou o ciclo geracional do lado de minha mãe. Chamava-se Juvêncio, nome que, na brincadeira, dizia que lhe tinha sido dado para ele ter motivos para se rir. E ele ria. Muito. Com gargalhadas fortes, saídas do peito que agora o matou com uma infeção pulmonar. Tenho de afirmar - perdoem a familiaridade - que morreu um homem bom. Pelos lados de Bragança, terra natal de minha tia que ele aceitou adotar apesar de odiar o frio, não ficará desconhecido. Foi autarca em Sortes, uma freguesia rural com cerca de 300 pessoas onde, confessava, havia saudades do comboio. Que não voltará. Ele sabia disso. Como sabia que é já com saudades que hoje falo dele e choro a sua falta.
*Jornalista