A cada eleição sucede o animado exercício de adivinhação. Os nomes mais próximos de António Costa são dados como certos. Apontam-se entradas e saídas.
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Augusto Santos Silva diz à TSF que já conversou o que havia a conversar com o primeiro-ministro, mas não revela pormenores. Personalidades públicas dão palpites sobre o perfil para cada área. Os sindicatos fazem pressão e o sempre incansável líder da Fenprof manda recados, avisando que manter o ainda ministro da tutela seria "provocação".
Mal seria se um político com a experiência de António Costa, com o respaldo de uma maioria absoluta, fosse permeável a recados ou tentativas de influência. Mas sabemos que tem de gerir pressões e quotas informais a respeitar. A da confiança pessoal, a da paridade, a do aparelho partidário, a que se espera que reserve para a sociedade civil. Tudo isto quando encolhe o número de vagas disponíveis, prometido que está um elenco governativo mais curto do que o anterior.
Não é a mesma coisa fazer um governo minoritário ou um governo com um horizonte garantido de mais de quatro anos. A estabilidade é um trunfo, mas é também um motivo para elevar a exigência da governação. Prepara-se uma maratona, não uma corrida de meio-fundo. E é na equipa que apresentar ao país que se verá o nível de ambição de Costa, a capacidade de integrar visões diferenciadoras e as prioridades que efetivamente tem para o país.
Claro que há pastas obrigatórias e nenhum governo pode prescindir de uma estrutura básica universal, seja qual for a visão que lhe está subjacente. Mas muitas opções decorrem de sinais políticos, e outras de uma tentativa efetiva de dinamizar setores de atividade. É o caso da Cultura (mas de que serve dar-lhe um ministério se não lhe for dada centralidade e substância financeira?) ou do Mar (quantos portugueses conhecem, contudo, o até agora responsável pela tutela e a ação desenvolvida?).
Ventila-se que o próximo governo assentará em superministros e essa possibilidade de concentração coaduna-se com a promessa de menos governantes. O importante é que esse desenho se adeque à visão que vamos ter para o país. Que haja ambição e energia para se fazer mais no desenvolvimento económico, na coesão social e territorial, na fiscalidade, na qualidade dos serviços de saúde. Com protagonistas à altura, capazes de trazer novos horizontes à vida pública.
Diretora