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Já quase tudo se escreveu sobre o caso Odair Moniz, mas vale sempre a pena voltar a ele quando se continua a insistir em meias-verdades, leituras enviesadas e oportunidades perdidas. As vozes mais razoáveis perdem-se no ruído e mais uma vez corremos o risco de desperdiçar um novo ensejo para comprovar a maturidade das nossas instituições.
O primeiro desperdício veio da PSP. Na ânsia de proteger o seu agente - e é natural que o faça - emitiu um comunicado que se veio a comprovar conter informação falsa.
Estava dado o primeiro passo em falso que serviu de tiro de partida para uma sucessão de teorias conspirativas que abafaram tudo o resto. E não adianta, agora, repetir à exaustão que devemos aguardar com serenidade os resultados da investigação e confiar nas instituições.
As entidades envolvidas devem aproveitar mais esta ocasião - e não a desperdiçar como tantas vezes já o fizeram com outros casos - para dar explicações claras e num breve espaço de tempo sem insistirem em esconder-se atrás do segredo de justiça ou de outras desculpas habituais.
Ainda vamos a tempo de tratar este caso de maneira exemplar, dando as explicações nas alturas necessárias, de forma clara e aberta, sem alimentar leituras obscuras nem dar azo a aproveitamentos políticos. Se assim for, qualquer que seja o resultado da investigação, tudo será apresentado de forma clara e acabam por se fechar as portas que inevitavelmente nos conduzem a conflitos como aqueles a que assistimos nos últimos dias.