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Nestes tempos que vivemos, certos actos servem de impulso para não desistirmos dos valores que forjaram o ser portuense. E, desta vez, esses actos purificadores do muito lixo que anda por aí, foram incluídos na Agenda Porto, para Junho. Viva!
Porque, logo à cabeça, promove o Bolo de S. João, doçaria surgida em finais de oitocentos que, por razões desconhecidas, se tinha eclipsado dos nossos hábitos. E surge uma reportagem intitulada “O Porto inteiro cabe nas rusgas”, nada concedendo às “marchas de Lisboa”, criação salazarenta exportada para aculturação do país. Pondo os pontos nos is, sem reticências quanto à sua origem: "Aglomeração de pessoas que se deslocam pela rua, em ambiente festivo, cantando e dançando", a Agenda apresenta os meandros organizativos das rusgas que este ano desfilarão. "Com bairrismo e orgulho", como disse o Zé Pedro, da Rusga de Campanhã.
Colocando a cereja no meio deste bolo sãojoaneiro, elaborado com tudo no lugar certo, a Agenda homenageia o “Rei da Alegria”, Manuel Morais, património humano de um Burgo que vai perdendo as raízes, mas conserva algumas asas para relembrar os 92 anos de um sobrevivente do Porto revisteiro, dos bailaricos e quermesses.
E, assumindo os elementos essenciais do S. João da Invicta, a revista remata com o texto “Arraiais nunca são demais”, destacando três comissões organizadoras desta manifestação vital da Festa: as Associações Paredes-Meias (Anselmo Braamcamp), Azul d’Eleição (Rua Escura) e do Bairro da Bouça. Caro leitor: não deixe de apanhar esta Agenda Porto e guarde-a. É raridade e recordação de tripeirismo.
*O autor escreve segundo a antiga ortografia