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O “papá” quer ser recordado na História como um dos laureados com o Prémio Nobel da Paz. E já tem apoios oficiais. O Paquistão quer distinguir Donald Trump por ter resolvido uma crise com a Índia. O presidente norte-americano é um “verdadeiro pacificador”. Ou melhor, talvez seja. Porque, após o bombardeamento ao Irão, Islamabad teceu duras críticas à figura que acabara de recomendar para o Nobel. Em que ficamos?
Na verdade, Trump cobiça a medalha desde os tempos da sua estreia na Casa Branca. Na sexta-feira passada, foi à Truth Social reclamar, com a habitual modéstia, que a merece e que é uma tremenda injustiça ainda não a ter recebido. Diz que contribuiu para a paz entre o Ruanda e a República Democrática do Congo, entre a Sérvia e o Kosovo, entre o Egito e a Etiópia, mas sabe que não receberá um Nobel da Paz. “Não importa o que eu faça, incluindo Rússia/Ucrânia e Israel/Irão”, lamenta, em jeito de mártir.
Além do Paquistão, há outros apoios. Israel, pela voz do seu embaixador da ONU, também acha que Trump o merece por ter conseguido o cessar-fogo com Teerão. Já o secretário-geral da NATO resolveu dar uma ajuda ao culto da personalidade, quando comparou o líder norte-americano a um “papá”, por ter resolvido a “luta de escola” entre o Irão e Israel e ter pressionado os Aliados a aumentarem de forma drástica os seus orçamentos com a Defesa.
Mark Rutte não é ingénuo. Sabe que Trump exige lealdade e que qualquer ambiguidade é punida com desprezo público. Mas quando o “papá” dita o tom, o risco é que todos comecem a falar como ele.
Donald Trump terá um lugar na História, mas esperemos que nunca como Prémio Nobel da Paz.