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O meu velho (quero dizer, antigo) amigo Zé Gomes Fernandes publicou, neste sítio, uma crónica brilhante sobre o sucesso da Feira, a importância do livro e o papel da leitura.
Não me espanta já que, há muito, pertencemos ao clube dos que pensam convictamente que quem não lê fica para trás. De resto, já tem barbas o prenúncio da morte do livro, desde que há meio século Marshall McLuhan arrasou as teorias tradicionais da comunicação, com o seu "O meio é a mensagem", antecipando a internet e a aldeia global. No entanto, a Feira deste ano foi um sucesso. Absoluto.
A propósito dela, um leitor do JN enviou-me um poema do seu trisavô, Acácio Trigueiro (gazetilheiro emérito), publicado em 1930 no JN, em homenagem à primeira Feira do Livro do Porto. Documento histórico, recorda-nos a plêiade de livreiros que faziam do Burgo uma cidade culta. Aqui o recordo: "Adeus, Feira do Livro, a que um monarca / Preside cavalgando o seu corcel. (…) // Ao Fernando Machado, ao bom Lamares, / Guedes da Silva, Civilização; / Ao Figueirinhas, e outros luminares, / - Muito enlaçado num xi-coração - / Mando um adeus… d’Aquém e d’Além Mares… // Ao Lello & Irmão, cujo sorteio insano / O diabo transforma em serafins; / Ao Barreira, ao Tavares, editor lhano; / Ao Moreira da Costa e seus afins, / Daqui lhes digo: - Adeus, até ao ano!"
E a despedida não podia ser mais efusiva no elogio à Feira, ao livro e ao futuro de ambos: "Cristal embaciado! Que fecunda / Qual semente de cravos, de roseira, / Que noss’alma de prazer inunda: / Quasi esgotada a edição primeira, / - Adeus! – até à próxima segunda!"