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Há demasiado tempo que não ia ao cinema, mas, num repente, lá decidi e meia hora depois estava sentada a ver o “Ainda estou aqui”. Só conhecia as nomeações, mas uns minutos depois comecei a ter um daqueles nós na garganta difíceis de desatar, porque a liberdade estava posta em causa numa casa de família, a vida dos filhos posta em causa numa casa que podia ser a de qualquer um, porque a liberdade tinha deixado de existir. No filme, a tenacidade de uma mulher determinada a proteger os filhos e a obter justiça encoraja-nos a acreditar que a luta pela democracia vale sempre a pena, mesmo que a vitória chegue tarde, depois de muitas más horas. Há um outro plano, de transposição para os dias atuais, porque os regimes totalitários e cruéis continuam a existir, e a oprimir. A prova de que caem sempre são os soluços que se ouvem quando a tela fica a preto.