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O ritmo da vida (política e económica) nacional segue trepidante: no fim-de-semana o congresso do PS e o anúncio de que o ex-candidato presidencial Fernando Nobre será o cabeça-de-lista do PSD por Lisboa e, já esta semana, a chegada a Portugal da missão de avaliação de ajuda da Comissão Europeia, do Banco Central Europeu e do FMI.
Começo pelo congresso do PS. José Sócrates - cuja liderança à frente do PS tem sido, de forma inusitada, questionada pelo principal partido da Oposição - viu reforçada a sua posição interna. Da diversidade dos discursos, assistiu-se a um reafirmar do sentido de unidade, de força interna e, ao mesmo tempo (ante as adversidades que Portugal enfrenta), em nome da defesa do interesse nacional, de responsabilidade no quadro político nacional.
Ainda no domingo, Pedro Passos Coelho anunciava a inclusão na lista do PSD por Lisboa do independente, e ex-candidato presidencial, Fernando Nobre. E a reacção de surpresa - associada à incongruência da decisão de incluir um candidato que se tem, até ao momento, pautado por um discurso, a todos os níveis, muito distinto do do actual líder do PSD - não se fez esperar.
Por fim, a intervenção internacional no nosso país não nos pode deixar de interpelar sobre a negociação do pedido de ajuda externa. Desde logo, nesta fase, ante os holofotes internacionais, importa - como afirmou o ministro Pedro Silva Pereira - que impere um diálogo institucional discreto e construtivo. Depois, e ao contrário do que alguma opinião tem feito entender, este pedido de ajuda não constrange a um único caminho. Havendo claros propósitos a atingir (como os de reequilibrar o orçamento e de criar condições para o crescimento económico) haverá, igualmente - como explicava há dias o secretário de Estado Carlos Zorrinho - caminhos diversos para os alcançar. E isso exigirá do futuro Governo deste país (que assegurará a implementação das medidas propostas internacionalmente) uma condução política, esclarecida, determinada e dotada de um sentido patriótico capaz de defender os interesses do país. Neste particular, e para ser credível externamente, é crucial que se perceba que Portugal deve apresentar-se com uma posição negocial, política e institucionalmente, clara e concertada. Acima de tudo, com uma posição negocial que "não vergue a qualquer preço" e que salvaguarde pilares essenciais para a nossa coesão social, ao nível do emprego, das condições de trabalho, da Saúde e da Educação.