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Na semana em que se assinalou - e ainda bem - a reabertura da Linha de Leixões aos passageiros, há uma infraestrutura mais ao lado que carece de igual atenção por parte dos decisores políticos e da opinião pública: o equipamento portuário com o mesmo nome. Os apelos para a renovação estrutural do Porto de Leixões não são novos e conduziram, em larga medida, a que se apressassem as obras de alargamento do molhe e de criação de uma nova bacia de rotação, tratando-se de intervenções indispensáveis para que a infraestrutura acolhesse navios de maior porte.
O problema é que essas obras não só não estão ainda concluídas, como se teme não serem suficientes para travar a estagnação geral do movimento portuário em Leixões, cuja carga processada está ainda a nível inferior à pandemia. Para que isso aconteça e se resgate a competitividade e quota do mercado que a infraestrutura tem vindo a perder, é necessário realizar investimentos complementares ao alargamento do quebra-mar, assegurando uma maior zona de cais, novos equipamentos e profundidade suficiente no molhe Sul, permitindo então que se movimente a carga dos grandes porta-contentores.
Sem me substituir aos especialistas na matéria, mas deles procurando obter melhor conhecimento, este investimento é visto como estratégico para captar as novas cadeias logísticas que se formam no comércio internacional e impedir que esses movimentos sejam desviados para Norte, designadamente para o Porto de Vigo, onde os operadores dispõem de outras condições físicas e logísticas. Por outro lado, o alargamento dos prazos de concessão para o serviço público portuário - decidido já com este Governo - de 30 para 75 anos poderá permitir encontrar nos privados o capital necessário a promover estes investimentos.
Tudo isto e talvez mais - como a ampliação do terminal Norte de contentores - é necessário para que Leixões se mantenha como um equipamento crítico para a região do Grande Porto e Norte do país, puxando pela sua conhecida intensidade exportadora e pela competitividade das suas empresas. Sem preferências por este ou aquele investimento público, fica o alerta para que não se esqueça Leixões. Neste caso, falando do seu porto de mar.