Se nos tempos idos era Deus quem tudo sabia, nos tempos atuais a pegada que deixamos no mundo, além de não poder ser apagada pela chuva, é feita de cliques e de gostos e de recusas de cache. Encontrei nas palavras de Pedro Eiras, no seu belo "Inferno", a síntese desta ideia. "Não o minotauro - mas o algoritmo - compreender-ºte-á". O escritor descreve depois o quão profunda é essa relação "até às vísceras...", de como se quer viver e morrer, de quem se ama e se odeia. A Inteligência Artificial, que nos obriga a provar a humanidade ao identificar colinas e passadeiras, não usa apenas pegadas, trabalha montanhas de dados, incluindo as nossas informações pessoais, baralha e dá de novo. O olhar para o algoritmo até pode ser cético, mas o caminho é irreversível e a ação necessária para garantir a segurança num meio em que a divindade não responde a orações.

