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Teve a sua piada ver os ânimos exaltados porque uma página do Facebook foi fechada, depois de uma sucessão organizada de denúncias. Não porque não seja, de facto, uma boa razão para exaltação. É errado que seja possível calar alguém só porque se consegue manipular o algoritmo da rede, a ponto de o levar a confundir uma página de humor com uma página que espalha ódio.
Mas é irónico que tanta gente tenha ficado surpreendida. Aparentemente, estiveram ausentes de 2017 e não sabiam que o Facebook foi usado pelos russos para manipular e interferir nas eleições americanas. E, ao que parece, 13 anos depois do nascimento desta rede, muitos não tinham também ainda reparado que aqui quem manda é o algoritmo. O mesmo algoritmo que os faz tão felizes, um like de cada vez, uma partilha a seguir à outra, a cada selfie que publicam - ad nauseum -, a cada exaltação e indignação e momento histérico em que alegremente participam. Não sabiam elas que tanta vazia e efémera felicidade, tanta exibição e falsa socialização, que tantas irrelevantes revoltas e cedência de controlo têm um preço. O algoritmo dá, o algoritmo tira. Mas sejam bem-vindos. É possível que já venham tarde.
* JORNALISTA