Algoritmos estão a condicionar a democracia
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Adolfo Mesquita Nunes, conhecido advogado e político, apresentou na Livraria Lello, no Porto o seu novo livro ALGORITMOCRACIA, em que aborda a forma como a IA está a transformar as nossas democracias e a alterar o contrato de confiança que os cidadãos têm nos governos e nas diferentes instituições.
Para o autor este é um tema central para o futuro da nossa sociedade e são cada vez mais os sinais que nos chegam, a vários níveis, de que os algoritmos estão a condicionar a democracia na sua organização e no seu futuro. Perante uma plateia interessada, Adolfo Mesquita Nunes manifestou um forte sentido de preocupação com este tema e com a incapacidade da sociedade civil e conseguir responder a esta tendência - impõe-se uma agenda de mobilização das comunidades, com particular destaque para as elites e para as gerações mais jovens, no sentido de fazer da tecnologia um meio e não um fim para a evolução e o progresso.
Esta agenda terá que assentar numa aposta clara na área da educação, segundo a gestora da Sogrape Raquel Seabra e terá que passar, nas palavras do responsável da Lello e anfitrião Pedro Pinto por fazer reganhar a importância das relações entre as pessoas e da construção de laços com sentido e impacto na sociedade. Ideias corroboradas por Adolfo Mesquita Nunes, que nesta matéria destacou o papel dos media e das redes sociais como agentes de intermediação que não têm conseguido evitar este excesso de virtualização que a nossa vida em sociedade passou a ter nos últimos anos.
A qualidade das instituições será um pilar central neste processo de reconstrução dos fundamentos do nosso sentido de comunidade, segundo a empresária Estela Barbot, e esse é um compromisso coletivo em que o contributo individual fará a diferença. Nesta sua passagem pelo Porto, a cidade que é um exemplo e uma referência na ordem liberal e na capacidade de participação cívica Adolfo Mesquita Nunes acabou por deixar um sinal de esperança que consigamos enquanto sociedade apostar numa forte inteligência coletiva que nos permita tirar o melhor partido da tecnologia na criação de mais valor para o futuro que já começou.
Vivemos tempos incertos e complexos que exigem novas respostas para os novos problemas com que nos defrontamos. A democracia, como sistema âncora da nossa vida em sociedade, enfrenta novos desafios que a IA veio acelerar de forma difícil de controlar. A mensagem que Adolfo Mesquita Nunes nos deixou numa noite de chuva na Lello deve-nos obrigar a refletir e sobretudo a atuar para que seja possível construir uma nova agenda em que todos acreditemos e possamos participar.

