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O Conselho Europeu que hoje e amanhã se reúne em Bruxelas pode trazer-nos boas-novas, mas também pode adiá-las por cinco dias quando se reunir em Berlim a cimeira europeia contra o desemprego jovem.
Os eurocéticos acreditam que a cimeira de Berlim será o primeiro grande ato da campanha de Angela Merkel para ser reeleita em setembro próximo e que por isso mesmo a chanceler cederá à tentação de esvaziar a Conselho Europeu de Bruxelas.
Não é porém provável que os eurocéticos venham a ter razão, além do mais porque este Conselho Europeu vai ter de dar resposta política à boataria instalada em torno de um cenário em que o FMI estaria de malas feitas para abandonar a troika com o Banco Central Europeu e a Comissão Europeia nos programas de ajuda financeira. Um cenário que, de resto, colocaria os países sob intervenção como Portugal perante uma nova receita que poderia incluir a reestruturação da dívida, dando razão aos que defendem que os termos em que a austeridade está a ser aplicada não deixam espaço algum ao relançamento económico.
Por sua vez, os mais pragmáticos, entre os quais é impossível que qualquer português de bom senso não possa estar, esperam apenas e simplesmente que seja dado corpo e andamento rápido aos fundos europeus previstos para combaterem dois problemas seriíssimos: o desemprego jovem e o estrangulamento das pequenas e médias empresas (PME).
Para atacar de frente o problema do desemprego jovem, impedindo que se torne estrutural e origine convulsões sociais muito difíceis de controlar, seria bom que deste Conselho Europeu saísse a decisão de aplicar no terreno e logo nos dois primeiros anos os seis mil milhões de euros previstos no orçamento comunitário para o septenato 2014-20.
Ainda neste terreno socialmente incandescente, outra boa notícia que nos poderia chegar de Bruxelas seria a de que as ajudas financeiras dedicadas à criação e contratação de empregos para jovens não seriam contabilizadas para efeitos de défice excessivo.
Pragmática seria ainda a boa-nova de que os 10 mil milhões de euros de aumento de capital operado pelo Banco Europeu de Investimento pudessem ser considerados em aval ou garantia para uma mobilização de créditos superior, na casa dos 60 mil milhões de euros. E que, assim, metade desse crédito mobilizado fosse encaminhado para as PME.
Finalmente, que esses financiamentos pudessem chegar rapidamente e em força a todos os empresários elegíveis. O que pressuporia entregar a missão a instituições financeiras de grande capilaridade, ou seja, com balcões em todo o território, de modo a que o crédito pudesse fluir ainda a tempo de evitar a morte por asfixia a muitas PME.