Estamos a poucas semanas das eleições para o Parlamento Europeu (PE).
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Consciente da distância a que a generalidade dos cidadãos se sente da instituição e do projeto, as páginas online do PE multiplicam-se em apelos vibrantes ao voto. A iniciativa "this time i"m voting" tenta suscitar o interesse de todos os europeus, em especial dos mais jovens, explicando o ato eleitoral e, sobretudo, as vantagens do projeto europeu e o respetivo impacto nas nossas vidas do dia a dia.
E custa sentir que tudo será provavelmente em vão. As agendas nacionais estão de tal forma saturadas de questões internas mal resolvidas que o Parlamento Europeu fica relegado para um canto, o das reformas douradas dos nossos políticos. E, no entanto, não é assim. A não ser que continuemos a não prestar atenção.
Claro que não ajuda que os candidatos a eurodeputados não sejam devidamente apresentados; os novos pelo que prometem fazer, os repetentes pelo que já fizeram.
Nesta espécie de processo burocrático de onde surgem só alguns a espreitar de cartazes, normalmente muito mal conseguidos, nada se percebe sobre as razões da escolha.
Deduz-se que são muito bons porque têm algum peso político, que merecem o posto porque já prestaram muitos serviços à nação, que são precisos para fazer número ou outra coisa qualquer.
Nada de nada sabemos dizer sobre o perfil que deve ter um eurodeputado, as características que cada candidato tem e que vão de encontro a esse perfil, as políticas concretas que cada família política europeia defende e a contribuição que se espera que cada grupo faça dentro da mesma.
À falta de melhor temos sempre as inspiradoras mensagens dos cartazes com que nos enchem as cidades.
No cartaz de Nuno Melo, que diz Europa, dá vontade de escrever África, América e Oceania. Rui Rio quer que lhe telefonemos a dar ideias, o BE acha que há eurodeputados a mais, o Aliança diz que são todos às direitas...
Somos nós a pensar alhos e os nossos responsáveis políticos a colar bugalhos. Sem lógica e sem respeito. Por nós e pelos candidatos. A Europa, essa há muito que se sente desrespeitada.
Analista financeira