Com o arranque do novo ano letivo entra em vigor a proibição de uso de smartphones nas escolas pelos alunos até ao 6.º ano, sendo recomendado que a limitação abranja também o 3.º Ciclo (7.º ao 9.º anos). Apesar de no ano letivo passado ser apenas uma recomendação, a maioria das escolas dos 1.º e 2.º ciclos implementou a medida, segundo o Ministério da Educação, que fez um inquérito aos diretores para avaliar o impacto de banir os telemóveis com internet (os básicos, que servem apenas para fazer chamadas, não são abrangidos). Os responsáveis escolares percecionaram uma diminuição substancial dos casos de bullying, de indisciplina e de agressões e um aumento da socialização nos intervalos e da prática de atividade física, assim como maior uso de espaços de jogos e da biblioteca.
Resultados promissores, sem dúvida, mas de leitura ainda limitada. Primeiro, porque falta avaliar o real impacto na aprendizagem. Segundo, porque há o risco de esse tempo ser compensado fora do contexto escolar - um estudo realizado no Reino Unido demonstrou precisamente o aumento do número de horas de écran nos tempos livres. E, finalmente, porque quem deve fazer a regulação em casa - os pais - geralmente também passa horas infindas de olhos colados no telefone.
Proibir é sempre o mais fácil. Uma problemática tão complexa e multifatorial como esta não se resolve com medidas bem-intencionadas mas avulsas. É preciso ensinar as crianças, logo a partir do Pré-Escolar, a usar as tecnologias de forma saudável e promover a literacia digital de todas as faixas etárias. Porque só adultos responsáveis e conscientes dos riscos podem efetivamente orientar e regular os filhos.

