Ambição na economia faz falta ao país
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Numa campanha eleitoral feita a correr e onde há pouco espaço para aprofundar os temas, é natural que muita coisa fique por debater. Uma delas é a visão económica para o país e de que forma podemos acelerar o crescimento, num quadro de grande instabilidade global.
Nas escassas referências que se vão ouvindo ao tema, sobram críticas a um aparente excesso de otimismo dos partidos do centro-direita, que traduzem a ambição de colocar a economia a crescer, de forma consistente, acima da média europeia nos próximos anos. Em particular, a AD, que aponta para uma taxa de crescimento de 3,2% no final da legislatura.
Este objetivo não pode nem deve ser visto como imprudente ou excessivo. Ele é a única perspetiva que podemos ter num país que, em muitos indicadores económicos e sociais, continua na cauda da Europa e que, durante mais de duas décadas, registou um crescimento anémico, piorou as suas condições de competitividade e ofereceu perda real de poder de compra a quem trabalha.
Neste quadro, apontar a objetivos mais robustos é não apenas positivo como necessário, impondo a ideia do crescimento económico como grande prioridade. As receitas infalíveis não existem, mas é essencial oferecer melhores condições às empresas para investir, apostar na inovação e reforçar a produtividade. Um sinal relevante, a esse nível, seria manter a trajetória de descida no IRC, iniciada com o OE 2025, além de considerar a eliminação progressiva da derrama estadual.
É, também, necessário olhar para a escassez de mão de obra, que continua a ser dramática em muitos setores e a constranger a evolução de muitos negócios. O recente acordo para a imigração laboral é positivo, mas insuficiente, sendo necessário ir mais longe ao nível da carga fiscal sobre o trabalho, dos incentivos para o regresso de jovens quadros qualificados e dos programas de formação ao longo da vida.
Finalmente, a questão das infraestruturas: não podemos continuar a ser o país dos planos e dos projetos. Temos de concretizar os investimentos que estão previstos, como são exemplos o porto de Leixões e o Aeroporto Francisco Sá Carneiro, na Região Norte.
A economia nacional não vai crescer com as mesmas soluções de sempre. A ambição, desde que realista e consequente, faz falta a Portugal.