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Nos últimos 20 anos, especialistas e comentadores em geral lamentaram por várias vezes o crescente afastamento ente os cidadãos e a política. Culparam, e bem, tantos os partidos e o seu funcionamento anquilosado, como a apatia generalizada que se foi instalando entre os portugueses, acusados de quase nunca quererem arriscar, em lugar de só dizerem mal de todos os políticos. Mas isso foi até estas presidenciais. Agora que temos mais pessoas do que o habitual a expor-se ao escrutínio dos seus concidadãos sem o apoio partidário, levantam-se as vozes dos peritos contra a existência de tantos candidatos. Depois de anos de uma aridez preocupante, sofremos agora de um grave problema de excesso de fecundidade política. Faço uma sugestão. Por que não se aperta tanto os critérios até que o único candidato possível a Belém seja Marcelo Rebelo de Sousa ou outra figura do regime já pré-selecionada? Assim, poupava-se o incómodo dos especialistas e os cidadãos aproximavam-se na medida certa da política: bem perto no dia de ir votar no candidato certo e lá longe durante o resto do tempo, incluindo na altura de formalizar candidaturas, para que não perturbem o normal funcionamento das instituições, que, como se sabe, têm funcionado muito bem.