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Tem havido alguma polémica em torno do BRT da Boavista. Aliás, até penso que o tema tem sido caricato e motivo de zombaria nas mesas de café do país, o que não abona nada a favor de uma cidade que sempre se impôs pela introdução de projetos relevantes para a melhoria da qualidade de vida e da sua imagem.
Mas penso que poucas são as pessoas que criticam a introdução de um transporte público nesta importante artéria da cidade. O que se critica é a duplicidade dos modos de mobilidade. Se o BRT surge para promover a transferência modal, por que se mantiveram as mesmas vias rodoviárias? Isto é o que não se compreende e, independentemente da batalha que se tem travado entre a Metro e a STCP/CMP, é urgente rever a estrutura desta avenida. E é mais importante do que gastarmos fundos europeus, só porque sim.
A avenida deve falar o que quer ser. Pois bem, a forma como os seus utentes ciclistas se têm apropriado deste canal, enquanto se aguarda pelo material circulante, evidencia o seu pulsar. A avenida quer ter ciclovias, arborização e estar preparada para a caminhabilidade. Urge, assim, redesenhar amigavelmente a Avenida da Boavista. É tempo de se iniciar o processo de reprojetar a avenida do futuro e fazer o que ainda não foi feito: resgatar espaço motorizado, inserir pistas cicláveis e mais arborização para promover a caminhabilidade.
Em síntese, este é um caso concreto de que nunca devemos dar por concluído um projeto. Tudo deve ser visto como um processo evolutivo, mesmo quando se tenha de infletir de direção. E com toda a dignidade, reconhecer eventuais necessidades de acertos, e fazê-los evoluir, para bem das gerações futuras.