Corpo do artigo
Há oportunidades na vida que são irrecusáveis. Pelo dinheiro, pelo prestígio, pelos desafios que comportam, pelas portas que abrem. Por mil e uma razões, Ruben Amorim nunca poderia dizer não ao Manchester United. E, coração à parte, os sportinguistas, do adepto anónimo ao presidente, têm de compreender isso, por muito que lhes custe ver partir a meio da época o técnico que permitiu que pudessem gritar “campeões”, ao fim de 19 anos de espera. Chegar à Premier League, a melhor e a mais rica liga do Mundo, é o sonho de qualquer treinador. E quando é o Manchester United que se dispõe a abrir essa porta, não importa em que altura, a resposta só pode ser positiva. Ruben Amorim não é diferente de José Mourinho ou André Villas-Boas, que também não tinham como recusar o Chelsea.
O Manchester United ainda não recuperou da saída de Alex Ferguson, que deixou um legado pesadíssimo aos treinadores que se seguiram. Mas o enorme potencial do clube segue intocável, existindo meios humanos e financeiros para que volte a lutar com Manchester City, Liverpool, Arsenal e Chelsea. Na quinta época em Alvalade, Ruben Amorim precisava de um desafio maior na carreira. Reerguer o United será tarefa hercúlea, como foi devolver o estatuto de candidato ao título em Portugal ao Sporting. Acredito que gostaria mais de sair após ter sido campeão, ou no fim desta época, mas há coisas que ninguém controla. O convite do Manchester United é uma delas.
Ruben Amorim assume o desafio sem medos. Ou melhor, com um: que o Sporting não seja bicampeão. Tudo parece bem encaminhado até agora, mas a verdade é que as contas só se fazem no fim. O Sporting pode ser campeão com o novo treinador. Mas se não for, adeptos e dirigentes já têm um bode expiatório perfeito. Esse é o maior medo de Ruben Amorim: passar de bestial a besta, de adorado a odiado. Afinal, o futebol é tudo menos racional...
*Editor-adjunto