RuiRio manifestamente não percebeu os resultados das eleições de 30 de Janeiro. É verdade que, por culpa sobretudo dos dois maiores partidos e dessa obsolescência chamada "Comissão Nacional de Eleições, o apuramento geral terá de esperar pela repetição da votação no círculo da Europa. É verdade que o PSD apresentou uma queixa-crime sobre isto, eventualmente contra alguns dos seus. E é verdade que esta vergonha não incomodou minimamente as "instituições". Ao ponto de o presidente da República até já ter sugerido indirectamente uma nova data para a posse do Governo.
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Como é, aliás, costume dele de dar por terminadas ou começadas coisas que não terminam ou começam. Mas voltemos a Rio. A criatura pretende continuar presidente do PSD até ao Verão. Está orgulhoso do seu "recorde" na oposição: só derrotas, salvo aqui e ali nas autárquicas do ano passado. E só sai, se sair, para ir de férias, e isto "se não exagerarem muito". Isto é, se algum realismo ou alguma forma de vida inteligente se interpuser entre ele e o seu calendário privativo. Mais calamitoso e degradante do que esta originalidade era difícil. Rio conduziu o PSD a um partido médio e regional, com um intelectual histérico a lubrificar constantemente o desastre. É penoso ler ou ouvir Pacheco Pereira por estes dias. A conversa absurda do "centro" tem marco geodésico na Marmeleira. O seu ressentimento com a única legislatura concluída com êxito neste século não passa. Querem, e se não querem parece que sim, um PSD "amigo" do PS. A regionalização é uma boa "desculpa" para Rio se prolongar sem ter de o dizer expressamente. Nunca foi o "reformismo", uma mera fantasia sem conteúdo através da qual Rio julga poder aliviar-se dos seus amores e ódios de estimação. Ter sido o melhor do que não prestava em Janeiro, contra Costa, nem de fraca consolação serve. Vasco Pulido Valente, e faz hoje dois anos que ele morreu, não se enganava. "Tudo é anacrónico com este cacique de província. Ele e a sua gente querem "uma social-democracia muito amaciada", não percebem o tempo em que vivem, "e o que foi a massificação da sociedade", de maneira que ainda andam "por volta dos anos 60". É "pessoalmente desequilibrado, autoritário e provinciano", acrescenta Vasco, sempre actual. Em suma, já deu o que tinha a dar politicamente. Ou seja, nada. Está mais que na hora de voltar para casa. Oxalá voz amiga lhe possa explicar.
o autor escreve segundo a antiga ortografia
*Jurista