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Pedindo desculpas aos leitores, hoje a crónica refere um facto relevante: os 50 anos de vida do PS, fundado por um grupo de aderentes liderado por Mário Soares, na Alemanha. A foto é histórica e destes já vivem poucos, destaco António Campos, que conheci bem e foi sempre indefectível do camarada líder, sendo hoje "memória viva" dos factos.
Sou velho militante, entrado no PS/Porto pela mão de duas referências da cidade, Sebastião Ribeiro e Miguel Costa, tendo em 74/75 desempenhado papel de coordenador da Federação. No Porto pontificavam Mário Cal Brandão e António Macedo, o jovem José Luís Nunes e tivemos "duras tarefas" de consolidação do partido, com os "velhos democratas", essencialmente advogados, divididos entre PS e PPD, mas de mútuo respeito.
Desempenhei responsabilidades políticas em vários escalões do partido, também públicas, conheci gente de grande mérito profissional e político para além de Soares e Zenha, Tito de Morais, Catanho de Menezes, Jaime Gama, Campinos e Gonelha, Guterres, António Reis e Arons de Carvalho, Constâncio e Sampaio, e com todos aprendi a solidificar um sentimento cívico e de vivência democrática que me marcou no percurso de vida. Diria que foi um "pacto de compromisso" com socialistas de dimensão humana, intelectual e cívica enormes, que aguentou "divergências" mas nunca beliscou o essencial. O respeito e a defesa de valores da Democracia, do Humanismo e de convivência cívica mesmo na divergência de pensamento.
Hoje estou com alguma amargura partidária e cívica mas não mudo, sou por temperamento distante do Poder e de quem o desempenha e custa ver alguns deslizes públicos desse desempenho e o esquecimento das grandes lições que Mário Soares e os fundadores ensinaram. Porque a Democracia precisa de ser defendida e não passa sem PS mas não acaba nele em exclusivamente com ele!
* Arquiteto e professor