Não será um arranque de ano fácil para António Costa. E o futuro do país dependerá muito da capacidade que o primeiro-ministro tenha de fazer escolhas definidoras e que corrijam o rumo errático que tem marcado o Executivo.
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Não se trata apenas de conquistar nomes fortes para integrar a sua equipa, personalidades com capacidade técnica e mérito capazes de resgatar alguma da confiança perdida. Mais do que isso, Costa está obrigado a anunciar mudanças significativas, não apenas de cadeiras mas de orgânica e visão para a governação do país.
Em poucas semanas, o tom arrogante do "habituem-se" que dirigiu à oposição terá de dar lugar a uma atitude humilde e exigente. O escrutínio público será cada vez mais rigoroso e essa, sim, é a realidade a que os titulares de cargos públicos terão de habituar-se. As polémicas que têm envolvido o Governo não são imaginação da "bolha mediática". São resultado de uma cultura de facilitismo, opacidade e endogamia partidária que tem conduzido à falta de visão e de eficácia em muitas das principais áreas de atuação.
Numa mensagem escrita para o JN a pensar no novo ano, logo intencionalmente omissa em relação à atual crise, o primeiro-ministro foca-se nos jovens e mostra a sua visão de um país pujante dentro de 20 a 25 anos. Teremos, no quadro de incerteza e de pessimismo em que as projeções económicas nos lançam, dificuldade em alinhar-nos com os indicadores futuristas que o líder do Executivo aponta e em que nos coloca acima da média europeia.
Ainda assim, António Costa aponta um tema essencial. Reter talento e convencer os jovens de que vale a pena trabalhar e investir em Portugal serão desafios essenciais para que o investimento em educação e inovação dê frutos. Esse objetivo não se atinge com promessas esperançosas ou sinais políticos tímidos. É preciso criar futuro com medidas corajosas. Com uma política nova, capaz de reformas que o Executivo tem evitado, interpretada por ministros em quem os portugueses confiem. O primeiro-ministro vai precisar de muito mais do que otimismo para encontrar esse caminho.
*Diretora