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Phillipe Labro, um dos maiores pensadores franceses contemporâneos escreveu: "Maravilho-me ainda e sempre que, neste momento, no meio de um mundo onde a desordem, a vulgaridade, a violência, a autodestruição, a mistura de todos os géneros, o domínio de um novo pensamento totalitário que quer impor dogmas e comportamentos, no início de um séc. XXI, ameaçador e sangrento, esfomeado e cínico, maravilho-me de saber que neste mesmo momento há sábios, investigadores, cientistas, biólogos e físicos que avançam. Não podemos desesperar".
Por estas e outras deixei de ver telejornais e ouço música na Mezzo. Quase todos abrem com crimes, gatunagem, julgamentos, corrupção, desastres naturais e artificiais, guerras, roubalheiras, assaltos, políticos debitando centralismo mental e azedume, quilómetros de anúncios em simultâneo, bandalheiras, sangue e insultos. Parece um país de salteadores e discursos envenenados. E o estilo foi contagioso, as tevês pegaram-no umas às outras.
Isto quando, diariamente, milhares de acontecimentos comprovam a dignidade, a perseverança, a coragem, a tenacidade, a cultura, o sentimento, a capacidade inovadora, a honradez de gente que não abre os telejornais e, na maior parte dos casos, nem acesso tem a qualquer tempo de antena. Na minha opinião – discutível, mas na base da democracia está a liberdade de ter opiniões e expressá-las – o país real é muito melhor, mais decente, inovador e dinâmico do que as televisões o retratam.
O problema é que, como também escreveu outro intelectual francês, Jean D’Ormesson: "Nada é mais contagioso do que a mediocridade".
(O autor escreve segundo a antiga ortografia)