Todos os pretextos servem para fazer crescer o confronto entre grupos que se odeiam cada vez mais. Passa-se à escala global e agora querem meter-nos a todos lá dentro, nesse espaço impregnado de intolerância, onde quem não é por eles, é pelo inimigo. Da morte de mais um afro-americano às mãos da Polícia até à obrigação de ter de escolher entre os antifas e os fascistas foi uma pressinha.
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Eu já fiz a minha opção, nem uns, nem outros. Sou antifascista e contra os antifas. Tenho, aliás, uma dificuldade grande em perceber como se pode ser democrata e, portanto, antifascista, mas tolerar um grupo que defende o uso da violência para fazer valer os seus pontos de vista. Quando partem as montras das lojas e as assaltam ou destroem carros estão a lutar contra o fascismo? E se essas lojas são muitas vezes propriedades de afro-americanos ou de qualquer outra pessoa antifascista, pensarão que é em defesa dos interesses das vítimas que fazem o que fazem?
Vejo-me tão antifascista que não suporto a ideia de ter alguém a subverter os princípios de um Estado de direito, simplesmente porque julga saber o que é melhor para mim. À Direita e à Esquerda! E não, não esperem que gaste umas linhas deste pequeno manifesto a hierarquizar a minha intolerância, porque isso seria entrar no jogo. Tenho bem presente a intolerância a que todos estamos obrigados quando o combate é contra a intolerância, mas a história também nos ensina que quando as coisas se jogam no campo da violência, ganha sempre o que é mais forte, porque quase nunca se trata de saber quem tem razão.
O que se passa nos Estados Unidos, na linha do que as democracias ocidentais sempre criticaram quando se passava noutros pontos do globo, é grave porque se trata de um evidente abuso de autoridade. Neste caso, contra os afro-americanos de forma sistemática e, agora também, contra a Comunicação Social. Confesso que agora o que me assusta mais é esta tentativa de intimidar e, como consequência, calar os jornalistas. Só pode ser porque querem agir numa democracia como agiriam se fossem a Polícia de uma ditadura.
Jornalista