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Esta guerra de proporções bíblicas vai contra tudo que ambas as religiões professam: o amor a Deus. Reduzir Gaza a escombros pode gerar tanto ódio que talvez seja impossível uma coexistência no Médio Oriente. As Forças Armadas israelitas continuam a sua resposta militar implacável ao ataque selvagem do Hamas de 7 de outubro. Com Gaza transformada em campo de guerra, esta situação está a ter um efeito perigoso em vários países do Mundo. A brutalidade do ataque do Hamas e a resposta implacável de Israel está a servir como terreno fértil para que o extremismo se acentue, com o crescimento de fenómenos de ódio que variam entre o antissemitismo a islamofobia.
Nos Estados Unidos, a 14 de outubro, Wadea Al Fayoumi, um menino de seis anos de origem palestiniana, foi esfaqueado 26 vezes pelo proprietário da casa onde morava. O assassino de 71 anos afirmou ter feito isso em reação à guerra entre Israel e o Hamas. Em França, cidadãos de religião judaica foram atacados, vários cemitérios vandalizados e algumas casas apareceram marcadas com a estrela de David. O mesmo se repetiu na Alemanha, onde uma sinagoga foi atacada com cocktails molotov.
São variados os exemplos de ambos os lados da barricada. Na Áustria, uma parte do cemitério judaico foi incendiada e em São Paulo, um centro de refugiados muçulmanos teve de ser protegido depois de ter sido cercado por populares a gritar “terroristas”. Já em Londres, os episódios islamofóbicos dispararam, enquanto em todo o Reino Unido os ataques antissemitas atingiram o seu número mais elevado desde 1984.
Não foi por acaso que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou a primeira lei contra a islamofobia na história do seu país e o Governo alemão lançou uma mensagem através das redes sociais em que proclama a total intolerância com o antissemitismo.
Como parece óbvio, nenhuma causa, por mais justa que possa parecer aos que a defendem, pode servir de desculpa para atacar grupos étnicos ou religiosos. Já chegam os que sofrem no terreno as atrocidades.