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O presidente da República condecorou António Champalimaud a título póstumo, com a Grã-Cruz da Ordem do Mérito. Fez muito bem. António Champalimaud foi um empresário notável, de dimensão mundial, que investiu e prosperou por mérito próprio, assegurando milhares de postos de trabalho em áreas tão diferentes como o setor imobiliário, a produção e a comercialização de vinhos e de cervejas, as indústrias do cimento, da celulose e do papel, a hotelaria, a banca ou os seguros. Criou e adquiriu empresas de referência de que a Siderurgia Nacional, a Fábrica de Cerveja Portugália, a seguradora Confiança ou o Banco Pinto & Sotto Mayor são exemplos. Espoliado do que lhe pertencia, à conta da sanha coletivista do PREC e de Vasco Gonçalves em 1975, refez património e fortuna no Brasil. Mais tarde, em Portugal, pagou para readquirir o que lhe tinha sido levado. E à morte, honrando os pais, fez filantropia legando milhões para a criação da Fundação Champalimaud, dedicada à investigação na área biomédica. Já agora, pagou sempre impostos.
O PCP fez questão de repudiar a condecoração concedida pelo presidente da República. Argumentou em comunicado tratar-se da "reabilitação de alguém que acumulou uma fortuna colossal assente nas benesses do Estado, na brutal exploração do povo português e dos povos das colónias à custa de negócios obscuros, de um dos monopolistas que foi esteio do regime fascista". Também faz sentido.
Na economia e nas finanças, o PCP tem sido o oposto de António Champalimaud. O PCP promoveu e apoiou a apropriação dos "meios de produção" - que é como quem diz do esforço alheio - os saneamentos e as ocupações selvagens do período revolucionário, que implicaram o encerramento de centenas de empresas antes viáveis e a extinção dos postos de trabalho, deixando à míngua muitos dos operários que dizia representar. A história revelou sempre que a competência na gestão nunca se transferiu por decreto revolucionário, nem se encontrou em assembleias populares. E se reclama dos outros o pagamento de impostos, o PCP celebra a festa do Avante isento de IVA ou de IRC, em terrenos que acumula, apesar de hostil à propriedade privada.
Em tempos de geringonça, quando se querem repetir em 2016 receitas coletivistas que em 1975 quase levaram Portugal à penúria, contrastes assim são úteis. Com uma certeza; pudesse Portugal contar, a par dos bons empresários que tem, com outros tantos da têmpera de António Champalimaud e que diferença seria.
DEPUTADO EUROPEU