Foi há dias conhecida a disponibilidade de António Saraiva para liderar a CIP - Confederação Empresarial de Portugal por mais um mandato. A exigência é grande. São muitos e diversos os desafios que se colocam aos empresários portugueses.
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No último "Conversas cruzadas" da Rádio Renascença, discutia com os meus colegas Aguiar Conraria e Carvalho da Silva a questão da alteração dos estatutos da CIP, que parecia destinada a acabar com a limitação de mandatos. Na verdade, este era um ponto que não estava claro, dado que as novas regras decorrem da separação entre órgãos de direção. Mas a alteração far-se-ia de qualquer forma, houvesse ou não recandidatura de Saraiva. O importante, acima de questões regulamentares, é que a uma nova fase da vida da CIP correspondem novas responsabilidades para a CIP.
Os próximos dois anos são fundamentais para tornar mais regular e mais próxima a ligação da CIP com os portugueses, com abertura e com o estabelecimento de novas abordagens, levando a que reforce a sua influência no debate das grandes questões nacionais. Até perante a incerteza que domina os cenários económicos a médio prazo, a única certeza que podemos ter prende-se com as sérias dificuldades que o Governo enfrentará sempre que tentar tomar medidas amigas das empresas e indutoras do emprego e do crescimento. As esquerdas radicais, não tendo agora qualquer vínculo efetivo com o poder, estão desresponsabilizadas. A sua agenda extremista será ainda mais sedutora.
Por contraponto, a CIP deverá assumir e reforçar-se enquanto sinónimo de equilíbrio, de estabilidade e de progresso. Esta será uma legislatura fundamental para a dinamização de uma política económica centrada nas empresas e nos setores produtivos, uma vez que o ciclo económico dificilmente será tão favorável como o anterior. Sobretudo em matéria de concertação social, é essencial que a CIP garanta que não há retrocessos civilizacionais, como, pelo contrário, que será elemento aglutinador de medidas que favoreçam o desenvolvimento da economia.
Ao dedicar mais dois anos à CIP, António Saraiva prescinde do conforto de uma vida recatada. Necessariamente assume, desde o primeiro dia, uma agenda dura, sensível e exigente.
Empresário e Presidente da Associação Comercial do Porto