É cada vez mais evidente que o Ocidente precisa de ser evangelizado. Esta semana, o Papa Francisco convocou a Congregação do Espírito Santo para essa missão. "Não renuncieis à coragem e à liberdade interior, cultivai-a e fazei dela uma característica viva do vosso apostolado. Há tantos homens e mulheres que ainda precisam do Evangelho, não apenas nas chamadas terras de missão, mas também no velho e cansado Ocidente", disse nos 175 anos da refundação desta obediência.
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João Paulo II falava de uma nova evangelização. Bento XVI classificava-a como uma reevangelização. O Papa argentino, vindo de fora da Europa, está a tomar consciência da desmobilização e degradação do cristianismo no mundo dito ocidental. Constatar esta emergência levou-o a convocar uma congregação que nasceu para levar o anúncio do Evangelho àqueles que nunca ouviram falar de Jesus Cristo. "Aceitam missões para onde ninguém mais quer ir", nas palavras do Papa.
A quem hoje é mais difícil anunciar o Evangelho é, precisamente, aos que se dizem católicos: acham que já o conhecem, mas dele só têm um conhecimento superficial. A palavra de Cristo não tem tradução nas suas pequenas e grandes decisões, muito mais determinadas pelo materialismo e individualismo.
Não será fácil para os que se especializaram no primeiro anúncio converterem-se, agora, em missionários de um mundo envelhecido, refém de tradições que perderam sentido. Muitas passaram a rituais sem conteúdo, aos quais foram enxertados novos hábitos, habitualmente estimuladores do consumo. É um mundo em que se promove a autoestima, a autoimagem, a autorrealização - e no qual há pouco espaço para o outro.
Apesar disto, as pessoas anseiam por uma espiritualidade que dê sentido à vida. É pela resposta a essa ânsia que os novos evangelizadores do Ocidente devem começar.
* Padre