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Tenho o privilégio de participar no "CIÊNCIA"17, Encontro com a Ciência e Tecnologia em Portugal", a decorrer no Centro de Congressos de Lisboa. Em momentos difíceis é também importante olhar e refletir sobre temas que nos agregam, no presente e para o futuro. A Ciência é um deles, porque a atividade de investigação e os resultados por ela gerados são uma fonte de oxigénio indispensável numa sociedade socialmente saudável.
O ambiente é contagiante, numa atmosfera frenética e vibrante, na qual como que nos sentimos atropelados por milhões de neurónios em movimento livre e espontâneo. Revemos com agrado cientistas amigos e respeitados, mas sobretudo sentimos o frenesim de muitos jovens investigadores que sonham em poder fazer algo pelo seu país. Este pipeline é indispensável manter, sem grandes oscilações em função de conjunturas políticas, porque a Ciência é cada vez mais uma opção de estado. Por isso, o investimento na Investigação, Desenvolvimento e Inovação deve sempre constituir uma prioridade do Governo do país. Temos de continuar a apostar em aumentar o ratio de investimento em I+D sobre o PIB, admitindo, no entanto, que os modelos de apoio tenham de ter uma preocupação cada vez mais forte nos incentivos à sua orientação para a criação de riqueza de forma mais rápida. Porque a prazo esta é também a única forma possível de não só manter como aumentar de forma acentuada o emprego científico em Portugal. A criação de riqueza pelo apoio à I+D+i será a forma sustentável para uma política pública de apoio à Ciência. As estruturas de interface dos centros de investigação com o tecido empresarial constituem uma ferramenta fundamental neste contexto e devem ser incentivadas de forma clara em função do sucesso obtido.
O aumento do emprego científico é um objetivo permanente, não só no setor público, mas também das unidades de investigação das empresas, que podem ser grandes centros de dinamização do emprego qualificado, mobilizando muitos dos doutorados formados, com consequências positivas no aumento do valor na dimensão empresarial. Poderemos mesmo estimular uma política que permita às unidades de I+D privadas aceder, mediante avaliação, ao estatuto de entidades do sistema científico e tecnológico nacional.
Há e haverá sempre muitas ideias interessantes a debater neste encontro da Ciência, porque este é um encontro do presente, fundamental para pensar e garantir o futuro.
PROFESSOR CATEDRÁTICO DA U. PORTO