As sondagens, os tais instrumentos que Rui Rio gosta de desvalorizar, são desta vez favoráveis ao líder do PSD. Mostram um empate técnico com o PS, uma recuperação expressiva dos sociais-democratas em relação aos últimos meses, uma dinâmica vencedora que se respira no congresso destinado a unir o partido, ainda que as vozes dissonantes persistam e incomodem.
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Pela primeira vez, a possibilidade de inversão de ciclo surge consubstanciada em números e ajuda a galvanizar um partido que passou os últimos anos demasiado morno.
Que importância tem este estado de coisas para os portugueses? Toda, seja qual for a ala ideológica em que se posicionam e o partido em que votam. Qualquer democracia ganha com alternativas sólidas, com a possibilidade de escolha e um leque efetivo de soluções que alargue o quadro político. Partidos obrigados a mobilizar-se têm de ser mais fortes nas propostas, transparentes nas ideias que apresentam para o país, focados no interesse nacional e não nos seus próprios cálculos.
Depois de um arranque mais focado na vida interna, hoje é o dia de Rui Rio falar mais para fora do partido. De elencar as linhas programáticas na saúde, na educação, na economia, no ambiente. De dizer claramente que projeto tem para recuperar um país cada vez mais desigual e esmagado por quase dois anos de pandemia.
Apesar de serem conhecidas as opções que tem seguido enquanto partido no poder, também o PS tem de mostrar arrojo e capacidade de inovar no programa que leva a votos. Não basta insistir nos milhões do PRR, até porque os portugueses estão cansados de um discurso sobre verbas e promessas de melhoria que não sentem nos bolsos nem no seu dia a dia.
Este é o tempo de cada partido dizer claramente aos portugueses ao que vai. A que se compromete na área fiscal, nas propostas laborais, no fortalecimento do sistema de saúde, no combate contra as assimetrias territoriais, na regionalização, no fortalecimento da justiça. É o tempo de compromissos transparentes e rigorosos. Para que cada eleitor possa decidir, em consciência, ao que vai no dia 30 de janeiro.
*Diretora