Ao terceiro líder, conforme as escrituras, Nuno Melo acredita na ressurreição do CDS. Depois de Assunção Cristas e de Francisco Rodrigues dos Santos, o agora eleito presidente do CDS é o maior crente neste milagre de um regresso ao tempo do PP de Paulo Portas, que nem de propósito se passa em época pascal.
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A minha querida cidade de Guimarães não fica para os lados de Israel mas, se Nuno Melo conseguir a ressurreição do CDS, passará a ser a nova Jerusalém dos centristas.
Centristas? Aqui está um dos não menos complicados desafios para a nova liderança. Longe vão os tempos do partido "rigorosamente ao centro" de Freitas do Amaral, hoje uma postura que ninguém percebe o que possa ser. Em busca do tempo perdido (e dos votos e deputados perdidos), o recém-eleito terá de ser um novo Harrison Ford. Ele e os seus sete vice-presidentes saídos do Congresso de Guimarães terão de ser uma espécie de salteadores da arca perdida, buscando encontrar os eleitores de que precisam, sem se preocuparem muito com a sua posição no espetro partidário e ideológico.
Espoliado da representação e do palco parlamentares, Nuno Melo terá que fazer das tripas coração para conseguir levar a missão a bom porto. Como Paulo Portas fez questão de salientar na sua escapadinha a Guimarães, deve louvar-se a coragem deste Nuno, a fazer lembrar o outro, o Álvares Pereira, que conseguiu vencer os castelhanos quando todos lhe vaticinavam a morte certa. Foi também o ex-presidente do CDS que reconheceu que uma das vantagens de Nuno Melo era querer muito ser presidente do CDS. E também se percebe bem essa vontade de quem sabe que, antes das legislativas, ainda virão eleições europeias - e ninguém consegue ser reeleito por um partido em processo de liquidação.
Espartilhado entre um PSD (que também espreita, mais mês, menos mês, a ascensão de um novo líder) e os dois novos "babyboomers" Chega e Iniciativa Liberal, o CDS só poderá ressuscitar "matando" muitos dos que medraram à sua volta. Talvez resulte, com Nuno Melo a desembainhar a espada das suas convicções. E, para isso, talvez a inspiração de D. Afonso Henriques possa vir a ser uma ajuda histórica.
Também neste caso o futuro a Deus pertence, mas talvez a Cidade-Berço do "Aqui Nasceu Portugal" venha a alargar o seu reconhecimento, para que um dia se possa também dizer dela, num outro mural: "Aqui Renasceu o CDS".
*Empresário