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Para o primeiro-ministro de Portugal, "um dos maiores problemas do país é a péssima qualidade da nossa informação, que só acorda para os problemas a meio das tragédias, esquecendo-se habitualmente do problema na hora certa de prevenir que a tragédia possa vir a ocorrer".
Foi isso que disse António Costa a propósito, veja-se bem, dos incêndios de 2017. E disse ainda mais: "Foi infelizmente necessária a tragédia humana de 112 vítimas mortais para que uma reforma da floresta, que tínhamos iniciado no conselho de ministros em maio de 2016, tivesse finalmente despertado o interesse do país".
Portanto, o Governo socialista tudo fez para resolver os graves problemas relacionados com a prevenção e combate aos incêndios, só que o país, impedido pela comunicação social, não reconheceu a tempo o esforço que Costa e seus ministros fizeram para impedir a tragédia de 2017. Percebe-se que aponte o dedo aos jornalistas: nas últimas décadas, não há registo de uma única reportagem, artigo, foto, debate, notícia, entrevista ou opinião de um especialista que seja sobre os incêndios. Até ao advento deste Governo, os média - e os portugueses -, nunca tinham reparado que o país se consumia anualmente em chamas.
Agradeço por isso a Costa. Mas faço daqui um apelo: sempre que souber que vem por aí uma desgraça, ponha de lado o eventual desinteresse do país ou a falta de parangonas, e faça um bocado de mais força para a impedir.
* JORNALISTA